Significados dos índices solares:

Os índices A e K representam as medições do comportamento do campo magnético da Terra e do seu entorno.

O índice K varia de 0 a 9 e mede a variação da componente horizontal do campo geomagnético. Um novo valor de K é determinado e informado a cada 3 horas baseado nas medições do magnetômetro do observatório de Boulder no Colorado (USA) e é divulgado pela rádio WWV.

O índice Kp (planetarische Kennziffer) ou índice planetário é a média dos valores observados em 13 diferentes estações ao redor do mundo, sendo 11 no hemisfério norte e 2 no hemisfério sul (Austrália e Nova Zelândia); obviamente existe um índice Ap que é obtido da mesma forma. O valor de KP é utilizado para determinar o valor de G, que será abordado abaixo, observando-se a seguinte correlação:

 

Índice Planetário - Kp

Nível da Tempestade Geomagnética

Kp=5

G1

Kp=6

G2

Kp=7

G3

Kp=8

G4

Kp=9

G5

 

Para valores de Kp entre 0 a 4 considera-se G = 0.

O índice A varia de 0 a 400 e expressa o intervalo de perturbações do campo geomagnético (Terra). Este índice é obtido pela média das 8 medições (8.3=24) do valor de K. A primeira estimativa de A é feita às 21:00 UTC, baseado nas últimas 7 medições e 1 um valor estimado. Ás 00:00 UTC é informado o valor correto de A em função dos valores conhecidos.

O valor de A é obtido na tabela abaixo:

 

K

A

0

0

1

3

2

7

3

15

4

27

5

48

6

80

7

140

8

240

9

400

 

 

Os índices G, S e R significam:

G Indica a ocorrência de tempestade geomagnética

S Indica a ocorrência de tempestade solar

R Indica a ocorrência de blackout de rádio

A tabela abaixo relaciona os graus de intensidade dos fatores G, S e R

 

G

S

R

Intensidade

5

5

5

Extrema

4

4

4

Severa

3

3

3

Forte

2

2

2

Moderada

1

1

1

Fraca

Os níveis de radiação solar são determinados pelas medições do fluxo de prótons feitas pelo satélite GOES e seus valores estão apresentados na tabela abaixo:

Partículas em MeV

Nível da Tempestade da Radiação Solar

10

S1

102

S2

103

S3

104

S4

105

S5

 

Os blackouts de rádio são determinados pelo nível de emissão de raios-X pelo Sol medido pelo satélite GOES e têm seus valores apresentados na tabela abaixo:

 

Nível de raios-X

Nível de blackout de rádio

M1 e 10-5

R1

M5 e 5.10-5

R2

X1 e 10-4

R3

X10 e 10-3

R4

X20 e 2.10-3

R5

Os valores de M e X referem-se à intensidade das labaredas.

Em um boletim da rádio WWV, ou simplesmente boletim WWV, temos:

Date

Hora

SFI

A

K

R

Forecast

18-Nov-2003

18

274

20

7

230

Ext, G5, S4, R3 => Sev, G4, S2, R3

No exemplo da transmissão do índice pela WWV, mostrado acima, temos:

SFI = 274

Fluxo solar em 274. Este valor pode ser calculado a partir do número de manchas solares através da seguinte equação:

SFI = 63,75 + 0,728 N + 0,00089 N²;

onde N = média do número mensal de manchas solares.

O número diário de manchas solares não tem qualquer correlação com a variação da ionosfera, indicam, isto sim, o comportamento da propagação.

  • A = 20

  • K = 7

Observe-se que houve uma subida brusca de K enquanto o valor de A está relativamente baixo; isto indica que o valor de A vai subir igualmente, para um valor provavelmente maior do que 120, que será informado nos próximos boletins da rádio WWV. Esta discrepância entre os valores de A e K informa com muita clareza que houve alguma explosão solar de grande magnitude.

A condição de propagação, em geral, pode ser assim resumida:

  1. A < 10 Bons DX. Verifique para onde está aberto.

  2. 10 < A < 20 Condições desfavoráveis, insista.

  3. A > 20 Desista. Mas se você faz 6 metros fique atento.

  4. R = 230 (região do Sol de número 230)

A coluna Forecast traz as seguintes informações:

  • EXT = condições gerais extremas;

  • G=5 significa tempestade geomagnética EXTREMA;

  • S=4 significa tempestade solar SEVERA;

  • R=3 blackout de rádio FORTE

Manchas e Labaredas

Mancha solar é uma área da fotosfera do Sol que contém um campo magnético altamente concentrado que faz com que a área onde ela está localizada fique consideravelmente mais fria do que o restante da superfície observável do Sol.

A temperatura média da fotosfera é da ordem de 5500ºC enquanto que a temperatura média das manchas fica ao redor de 3200ºC. A parte mais escura da mancha é conhecida como umbra e é aonde o campo eletromagnético é mais forte; a parte mais clara da mancha é conhecida como penumbra.

O campo eletromagnético é uma grandeza vetorial e têm suas componentes vetoriais variando conforme a intensidade do brilho. Na parte mais escura, umbra, a componente vertical, Z, que aponta para a Terra, é mais intensa e na penumbra as componentes dos eixos X e Y superam em valor a do eixo Z. Isto é particularmente interessante para entender porque quanto maior for a área escura, maior será o efeito da mancha na condição de propagação.

Quanto maior for o número de manchas solares maior será o efeito na ionosfera e melhores serão as condições de propagação nas faixas altas.

O número de manchas é contado adicionando-se 10 ao número de grupos de manchas. Por exemplo: o número mínimo de manchas é 11 porque é adicionado o valor 10 ao número de grupos. Logo, 1 grupo é igual a 11 manchas. Se tivermos 2 manchas em um único grupo o número de manchas será de 12; se tivermos 3 em um grupo, o número de manchas será 13 e assim por diante. Por outro lado se tivermos 3 manchas em 2 grupos o número de manchas será de 23; um leitor menos avisado poderá entender que teríamos 23 manchas reais, quando na verdade existem 3 manchas em 2 grupos.

 

Define-se como labareda, flare em inglês, como uma súbita, rápida e intensa variação da luminosidade em uma região da fotosfera. Uma labareda ocorre quando a energia magnética da qual é constituída a atmosfera solar é subitamente expelida. A radiação resultante abrange todo o espectro eletromagnético, indo desde as ondas de rádio, até o lado oposto, onde se situam os raios X e gama, passando pelo espectro da luz visível. A quantidade de energia expelida é equivalente a milhões de bombas atômicas de 100 megatons, detonadas simultaneamente.

O surgimento de uma labareda acontece em 3 etapas: a primeira, conhecida como estágio precursor é quando a energia é engatilhada e começam as emissões no espectro de raios X. A segunda etapa, conhecida como estágio impulsivo, começam as acelerações dos prótons e elétrons emitindo energia superior a 1 MeV (mega elétron-volt), neste estágio são emitidas ondas nas frequências de raios X, raios Gama e ondas de rádio. O terceiro e último estágio, conhecido como queda, é quando começam a diminuir gradualmente as emissões de raios X. A duração de cada etapa pode durar desde alguns poucos segundos até uma hora.

As labaredas se entendem até a camada mais exterior da atmosfera solar, a assim chamada corona, constituída de gases rarefeitos com temperaturas da ordem de milhões de graus Kelvin, muitíssimo mais quente do que a "superfície" solar. Dentro da labareda a temperatura pode chegar a 20 milhões de Kelvin. Obviamente as labaredas acontecem nas regiões ativas, isto é, onde situam-se as manchas solares.

As labaredas, classificam-se quanto à energia produzida e acarretam os efeitos na propagação conforme tabela abaixo:

Classe

W/m² entre 1 e 8 Angstroms

Efeito na propagação

B

I < 10-6

Nihil

C

10-6 < = I < 10-5

Causam poucos transtornos

M

10-5 < = I < 10-4

Causam breves blackouts de rádio

X

 I > = 10-4

Causam longos blackouts de rádio

 

  • Campo Magnético Interplanetário

 


 

O campo magnético do Sol é tão grande que seus efeitos ultrapassam o sistema solar e por essa razão é denominado Campo Magnético Interplanetário ou, em inglês, IMF que é a abreviatura de Interplanetary Magnetic Field, conforme ilustrado na figura.

O IMF é uma grandeza vetorial com componentes tridimensionais, Bx, By e Bz, onde Bx e By são paralelos ao plano da elíptica e Bz é perpendicular. A componente Bz é criada por ondas ou outros distúrbios no vento solar.

Em termos práticos, e que nos afetam diretamente, se Bz > 0 praticamente não altera o comportamento da magnetosfera, porém se Bz < 0, ou seja, orientado para o Sul, o IMF provoca grandes mudanças na magnetosfera afetando drasticamente a propagação.

Os valores de Bz variam de -200 a +200 nT, porém perto da Terra é da ordem -37 a +37 nT (nano Tesla).

Em geral, uma brusca variação de Bz para baixo, isto é, o valor de Bz ficar menor do que -5 nT, os valores de K devem subir rapidamente indicando perturbações geomagnéticas intensas. Quando isto ocorre a propagação fecha.

Assim, uma boa dica é acompanhar a variação de Bz em tempo real no site www.spaceweather.com.